Entendendo CBDC: moedas digitais bancárias

Uma das grandes tendências para o universo financeiro em 2023 são as CBDC (Central Bank Digital Currency), ou, traduzindo, moedas digitais criadas por bancos centrais, uma forma de pagamento que diversos governos ao redor do mundo estão estudando e implementando gradualmente.

As CBDCs são uma alternativa ao dinheiro fiduciário tradicional e podem proporcionar diversas vantagens para transações domésticas e movimentações internacionais, trazendo mais velocidade, segurança e diminuindo os custos envolvidos nas operações. 

Nenhuma CBDC foi implementada, ainda, em larga escala. Mas elas já podem ser amplamente divulgadas como moedas digitais estatais, criadas pelo banco central de um país e administrada pelo seu governo, com características que variam de moeda para moeda. 

Portanto, elas são “apenas” uma nova forma de representação da moeda que já é emitida pelas autoridades monetárias de cada país em formato de cédulas.

O Banco Mundial, o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Fórum Econômico Mundial constantemente debatem como esses ativos podem contribuir para a redução da circulação do papel-moeda, a inclusão financeira, a redução de fraudes financeiras e crimes relacionados.

Os tipos possíveis de CBDC

Diversos projetos de CBDC avançam pelo mundo, inclusive no Brasil, o que abordaremos mais adiante no texto. Elas podem ser:

CDBC de varejo e de atacado

Dos projetos enquadrados na primeira categoria, 23% já estão sendo implementados, segundo dados da PwC, principalmente em países emergentes, visto que a inclusão financeira garante um benefício maior nessa realidade.

Já em relação à segunda categoria, 70% dos projetos existentes ainda estão sendo estudados para implementação. O foco de CBDCs voltadas para transações interbancárias está em países mais desenvolvidos economicamente.

Qual a tecnologia utilizada pelas moedas digitais bancárias (CBDCs)?

A maioria das CBDC utiliza a tecnologia blockchain, um mecanismo de banco de dados que permite o compartilhamento transparente de informações na rede de uma empresa. 

A tecnologia blockchain armazena os dados em blocos que ficam interligados e são cronologicamente consistentes, ou seja, é possível criar um ledger imutável para monitorar pedidos, pagamentos, contas e outras transações. O sistema tem mecanismos que impedem entradas de transações não autorizadas.

O Bitcoin foi o responsável por introduzir o mundo à tecnologia blockchain, porém, existem diversas diferenças das CBDC em relação às criptomoedas.

CBDC x Criptomoedas x Moedas tradicionais

Existe uma diversidade grande de criptomoedas no mercado. Bitcoin, Ethereum, Tether, BNB, Cardano… esses são apenas alguns exemplos que, apesar dos nomes, finalidades, preços e funcionamentos diferentes uns dos outros, têm em comum a característica de serem moedas privadas e descentralizadas.

As moedas digitais, sejam elas para enriquecimento ou pagamentos, são criadas por uma empresa ou um coletivo de desenvolvedores e administradas de maneira aberta pela comunidade, com sistemas automatizados de preços, dificuldade de mineração e outras funções.

Com as CBDC, o cenário muda. Isso porque o Banco Central passa a ser responsável por todas essas questões: desenvolvimento, emissão e gerenciamento da moeda digital no seu sistema. 

No caso das moedas digitais estatais, o blockchain também não é aberto como nas criptomoedas, então os dados das transações, que geralmente são públicos, ficam restritos e acessíveis somente aos órgãos governamentais.

As CBDC operam de uma maneira muito similar ao dinheiro fiduciário, sendo a diferença entre a moeda digital e a tradicional muito simples: uma existe fisicamente e a outra apenas virtualmente em uma rede blockchain. 

Isso porque os bancos centrais não têm pretensão de criar as CBDC para funcionarem como um ativo digital, mas sim para serem usadas no cotidiano para pagamentos, transações e reservas de valor. 

Portanto, a maior diferença entre as CBDCs e as moedas tradicionais está na tentativa de reformulação do sistema financeiro, fazendo a troca do dinheiro físico pelo digital e dos bancos pelas carteiras digitais.

A finalidade dessa implementação é reduzir os custos administrativos e trazer mais agilidade e facilidade para as transações. Alguns países, como a China, já estão realizando demonstrações práticas da tecnologia, mas nenhuma CBDC foi implementada em larga escala até o momento.

Qual o objetivo dos bancos centrais ao emitir as moedas digitais?

O principal interesse dos bancos centrais tem a ver com a modernização do sistema financeiro na totalidade, visto que, durante a pandemia de covid-19, a preferência por pagamentos digitais cresceu em todo o mundo. As CBDCs são alternativas seguras, baratas e eficientes.

As moedas digitais vão substituir o dinheiro convencional?

Operações financeiras feitas em canais digitais são cada vez mais comuns, conforme a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), com sete a cada dez movimentações bancárias feitas no Brasil em 2021 terem sido realizadas pela internet e pelo celular.

De 2020 para 2021 houve um crescimento de 75% nas movimentações financeiras feitas no celular, indo de 9,3 bilhões para 16,3 bilhões de operações. O comportamento dos consumidores está mudando e é por isso que ir fisicamente até um banco já é considerado obsoleto em 2023. 

Apesar desses dados e embora uma parcela do dinheiro passe a circular de forma virtual, a CBDC fará com que o emissor da moeda tenha controle total sobre elas e sobre os registros de transações, visto que haverá apenas um banco de dados compartilhado por todos.

A expectativa é que a transição para moedas virtuais seja lenta e gradual e que, por um longo tempo, os dinheiros físico e virtual existam em conjunto. Conforme as pessoas se habituarem à opção digital, contudo, é provável que essa versão se torne única.

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